Cloud sem susto: um guia de FinOps para evitar contas imprevisíveis

A nuvem é, sem dúvida, um dos motores da transformação digital, mas junto com a escalabilidade e a flexibilidade, vem...

A nuvem é, sem dúvida, um dos motores da transformação digital, mas junto com a escalabilidade e a flexibilidade, vem também um desafio cada vez mais comum entre empresas brasileiras: a conta no fim do mês.

Segundo o State of the Cloud 2025, da Flexera, 84% das organizações apontam a gestão de custos como seu maior desafio em cloud . E não é difícil entender por quê: workloads ociosos, instâncias superdimensionadas, tráfego mal projetado e falta de governança podem transformar uma promessa de eficiência em um problema orçamentário.

Neste artigo, exploramos as principais fontes de desperdício, as práticas de FinOps (Cloud Financial Operations) que ajudam a evitá-las e um checklist prático para sua empresa ganhar previsibilidade.

O tamanho do problema

Um levantamento recente indica que cerca de 27% do investimento em IaaS/PaaS é desperdiçado, seja por instâncias sem uso, reservas não aproveitadas ou falta de gestão de armazenamento .

Além disso, o relatório State of FinOps 2025 mostra que as maiores dores das equipes são:

  • Fazer engenharia agir nas recomendações de otimização;
  • Alocar corretamente os custos (quando há recursos sem tags ou compartilhados);
  • Prever gastos variáveis;
  • Medir e reportar custos de containers/Kubernetes.

Em resumo: o problema não é apenas financeiro, mas de governança e colaboração entre áreas.

Onde nasce o desperdício em cloud

1. Computação ociosa e superdimensionada

É comum contratar instâncias maiores do que o necessário, ou simplesmente esquecer workloadsligados. Ferramentas nativas ajudam a corrigir:

AWS Compute Optimizer recomenda redução ou encerramento de instâncias.

Azure Advisor sugere rightsizing e shutdown de VMs.

GCP Recommender aponta VMs inativas para desligamento.

No mundo dos containers, requests/limits superestimados em Kubernetes são uma fonte clássica de desperdício. Projetos como o OpenCost permitem alocação precisa e visibilidade por squad .

2. Compromissos não aproveitados

Reservar capacidade ou assumir compromissos de uso pode gerar descontos significativos, mas muitas empresas deixam isso de lado:

AWS Savings Plans/Reserved Instances oferecem até 72% de desconto.

Azure Reservations e Savings Plan chegam ao mesmo patamar.

GCP Committed Use Discounts dão até 55% em geral e 70% para workloads memory-optimized.

3. Armazenamento no tier errado

Guardar dados raramente acessados em storage premium é um erro comum.

AWS S3 Intelligent-Tiering faz a migração automática entre classes .

Azure Blob Storage oferece Hot, Cool, Cold e Archive .

Google Cloud Storage tem classes Standard, Nearline, Coldline e Archive .

Outro ponto de atenção são os “zumbis”: volumes EBS não anexados, snapshots órfãos e discos desacoplados, que continuam gerando custo sem uso .

4. Custos de rede e egress

Um fator muitas vezes ignorado. Na AWS, por exemplo, o NAT Gateway cobra por hora e por GB processado, e o tráfego inter-AZ é tarifado. O mesmo vale para Azure e GCP, onde o egress(saída de dados) pode pesar no orçamento.

5. Falta de governança em tags e labels

Sem tags, não há dono. E sem dono, não há accountability.

AWS Tag Policies, Azure Policy e GCP Labels permitem padronizar e até bloquear recursos sem identificação.

As Cost Allocation Tags da AWS e os labels de billing do GCP são essenciais para distribuir corretamente despesas.

Pilares de uma prática FinOps eficiente

Rightsizing e agendamento

Encerre instâncias fora do horário comercial.

Faça rightsizing mensal com as equipes responsáveis.

Em Kubernetes, ajuste requests/limits e use HPA/VPA.

Compromissos inteligentes

Use RIs/Savings Plans (AWS), Reservations/Savings Plan (Azure) ou CUDs (GCP) para workloads estáveis.

Higiene de armazenamento

Configure políticas de lifecycle para mover dados frios automaticamente.

Estabeleça rotinas semanais de limpeza de discos e snapshots órfãos.

Otimização de rede

Reduza dependência de NAT; prefira PrivateLink/Endpoints.

Controle tráfego inter-AZ e monitore alertas de egress.

Governança de tags/labels

Defina uma taxonomia mínima (Owner, CostCenter, App, Env, Criticality).

Estabeleça políticas que bloqueiem criação sem tag .

Cultura FinOps

Baseie-se no framework Inform → Optimize → Operate da FinOps Foundation .

Defina KPIs como: cobertura de compromissos, % de gasto alocado, previsibilidade do forecast e custo unitário (ex.: R$ por pedido).

Checklist rápido

  • Rightsizing aplicado e desligamento fora do horário comercial.
  • Workloads estáveis cobertos por RIs/Savings Plans/CUDs.
  • Storage com lifecycle ativo e limpeza de zumbis.
  • Monitoração de NAT e egress com alertas.
  • Tags/labels padronizadas e obrigatórias.
  • OpenCost ou ferramenta similar para containers.

FinOps não é apenas cortar custo, é dar previsibilidade ao negócio.

Ao transformar consumo em métricas claras, envolver times de engenharia e estabelecer governança mínima, a nuvem deixa de ser uma caixa-preta e passa a ser um habilitador estratégico.

Na Hylink, ajudamos empresas a implementar práticas de FinOps 360°: desde rightsizing até governança de tags, passando por compromissos inteligentes e visibilidade de containers.

Quer entender onde está o desperdício no seu ambiente? Fale com nossos especialistas e solicite um diagnóstico de eficiência em cloud.

Referências

Flexera. State of the Cloud 2025

FinOps Foundation. State of FinOps 2025

AWS. Compute Optimizer / Savings Plans / Cost Explorer

Azure. Advisor / Reservations / Savings Plan

Google Cloud. Idle VM Recommender / Committed Use Discounts

AWS / Azure / GCP Storage Tiers

Kubernetes + OpenCost (CNCF)

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